Os tempos mudaram desde que nós (os que nasceram antes dos anos 90 do século passado) éramos crianças, e se mudaram…vieram muitas coisas boas, para nos ajudar a estarmos mais perto uns dos outros, comunicando em tempo real para o outro lado do mundo por exemplo…
Mas será que a evolução foi aquilo que todos desejaríamos? Talvez não, ou pelo menos para uma considerável quantidade de pessoas, claramente que a evolução tomou um rumo indesejado.
A comprová-lo está o seguinte texto, que só quem viveu a infância nessa época vai compreender, e que aos mais novos pode fazer alguma confusão. Certo é que foi precisamente nessa época que nasceram, a maioria dos grandes génios e líderes da actualidade, da ciência à política, passando por todas as raças e credos.
Para ler e reflectir:
“Saudades dos tempos em que havia burros, gordos caixa de óculos, pretos, brancos, chineses, geeks, etc. Os burros chumbavam, não se tornavam doutores como hoje em dia.
Mas a fasquia era definida no marrão da turma, não por baixo como agora. Somos todos iguais diz-se.
Antes não éramos, mas o gordo tinha notas brutais e ninguém sabia como, o caixa de óculos tinha um sentido de humor inigualável, o preto jogava à bola como ninguém e dava-lhe à brava em inglês, o chinês tinha vindo de outra escola e tinha histórias que não lembravam a ninguém.
Cada um tinha um defeito, mas tinha ou 1utava por ter tantas outras qualidades. Hoje não. Somos todos iguais.
Tudo é bu1ly1ng, rac1smo, desrespeito, xen0fobia, opressão, vi0lência.
Antigamente quando não se distinguia o rac1smo da alcunha, levava-se uma “arrochada” na tromba e aprendia-se. E não era bu1lying. Era aprendizagem. Da dura, daquela que dói mas não se esquece mais. E às vezes em casa com os pais também se aprendia.
Ser igual a todos era tudo que não se queria. O sem sal passava despercebido e sentia-se sozinho. Ter uma alcunha diferente era fixe. A diferença era vista com bons olhos.
E aprendia-se uma coisa importante: rirmos de nós próprios. E não chorarmos porque alguém nos chamou isto ou aquilo. Assumia-se a gordura, o esquelético, a caixa de óculos e tudo o mais que viesse.
Mas quando não se estava bem, quando não se gostava da alcunha, fazia-se uma coisa importante: mudava-se, 1utava-se. Não se culpava os outros nem a sociedade.
E falhava-se. Muitas vezes. Mas cada vez que se falhava ficava-se mais forte. E sabíamos que era assim. Que havia uns que conseguiam, outros ficavam para trás, que havia quem vencia e quem falhava.
Agora não.
Todos somos iguais, todos somos bons, todos merecemos, todos temos as mesmas oportunidades, todos somos vít1mas, todos somos oprimidos, todos somos cordeiros.
Só que não.”