Quem passa pela estrada que liga Vila Nova de Paiva a Sernancelhe tem que parar obrigatoriamente para ver tão imponente obra. É um castelo e está a ser construído com o suor de um só homem. Parece uma história de fadas, contos fantásticos e irreais. Mas é verdadeiro: um castelo feito em granito no coração das “Terras do Demo” de Aquilino Ribeiro.
Quem passa pela freguesia onde nasceu o escritor, Carregal, no concelho de Sernancelhe, e, de repente vê um castelo enorme, real, em pedra… perde o fôlego e sustém a respiração por instantes. Trata-se de um velho sonho de Adriano dos Santos, um homem de meia-idade que nasceu em Leomil, no concelho vizinho de Moimenta da Beira e se fixou em Carregal por lá ter casado.
A obra começou há oito anos e já está em pé até às torres e pináculos. Em redor do castelo há uma muralha, também ela imponente, que encerra não só o castelo, como também um jardim e a residência de Adriano e família. “Sempre gostei de castelos e dessas coisas assim do tempo medieval”, explica Adriano dos Santos que “sempre quis fazer uma coisa diferente” no terreno.
Teve sempre um fascínio por palácios, casas senhoriais fortificadas e castelos sumptuosos, daqueles dos contos de fadas. E acabou por edificar um. Pedra a pedra. Foi um sonho tornado realidade. A culpa foi dos livros e de um hábito (quase um culto) de coleccionar figuras, ícones relacionados com construções amuralhadas, casas acasteladas, praças fortes. Dessas duradouras impressões que lhe provocaram comoções extasiantes, à edificação do castelo dos seus sonhos, foi um passo.
Hoje, Adriano Santos vive com a família numa casa rodeada de ameias, torreões altaneiros e paredões amuralhados. O castelo vê-se ao longe e já se tornou numa verdadeira atracção turística.
Para o rés-do-chão, tem idealizado um espaço mais virado para os jovens écrans em plasma, som ambiente, etc. No primeiro andar será a sala de restaurante, num ambiente mais selecto. No piso de cima, junto à torre de menagem, está a pensar fazer esplanada. O castelo foi construído por Adriano Santos e pelos dois filhos, o mais velho dos quais já lá casou, num banquete que dizem ter sido inesquecível.
350 000 euros já terá gasto Adriano Santos na construção do castelo. No valor está incluído o custo do trabalho pessoal e dos dois filhos que ajudaram na obra. O edifício foi erigido só por eles. Pedra sobre pedra. Adriano diz que é um homem dos sete ofícios. “Uma coisa que eu veja, consigo logo engenhá-la”, garante. Foi o caso do castelo, alvo incessante dos olhares de curiosos, desde que começou a tomar forma. “Às vezes, é uma romaria à porta. Há dias em que digo que o dono não está e lá se vão embora. Só assim é que consigo ter paz para acabar a obra”. 20 anos é o tempo que já decorreu desde o lançamento da primeira pedra até hoje, e o resultado está à vista!