É a frase com que termina uma reportagem televisiva…a jornalista pergunta: “Não me leva a mal se lhe perguntar quanto é que ganha?”
Patrícia Brilhante Dias, assistente operacional nos Cuidados Intensivos do Hospital Curry Cabral, sorriso constrangida: “Tiro à volta de 640 euros, 650, anda à volta disso…”
Um salário em torno desse valor (já com subsídio de refeição, ou seja, é o que recebe na conta) é tudo menos honroso para uma classe profissional que tem sido, inúmeras vezes, elevada ao patamar de heroicidade por todos nós. Um herói nacional não pode ganhar 650 euros. É indigno, é vergonhoso em qualquer contexto, muito mais no actual.
De pouco valem os tributos nas redes sociais ou as palmas à varanda à noite. Só homenageamos verdadeiramente os profissionais de saúde em Portugal, pagando-lhes salários dignos.
E já agora, eles também fazem parte daquela classe: “os funcionários públicos, aqueles que têm uma boa vida, ganham bem e saem cedo…” como muitos repetem até à exaustão em conversas de café e nas redes sociais.
Lembre-se disso da próxima vez que vir estas pessoas a reivindicarem melhores salários e condições laborais, lembre-se que são eles que vão tratar de si (inclusive dar-lhe banho, entre outras coisas…) quando estiver internado.